30 julho 2010

Declaro-te aqui.


Tu és sempre assim.
Nós nunca estamos juntos eternamente; tu vivendo no eterno, só de quando em vez me vens visitar.
Tu nunca ficas. Só vens.
E quando vens, vens galante, com passos contados e com as equações dos teus movimentos já todas resolvidas.
E dás-me aqueles abraços tão apertados que eu me queixo de nunca serem apertados o suficiente.
Rio-me. Na verdade, já sufoquei no teu abraço. Mas a culpa não é minha: eu não achei o sufoco suficiente.
E tu finges não saber quando eu inalo o teu cheiro discretamente, numa tentativa de não perceberes. Mas tu sabes. Porque fazes o mesmo comigo.
Fecho os olhos, faço o que me pedes. Faço-o sempre, mas não gosto. Porque sei que quando voltar a ver a luz, tu já te foste embora.
E eu fico outra vez na ressaca de um vício sem reabilitação à espera de nós.

Tu nunca estás comigo, mas eu sei que tu vens sempre.

26 julho 2010

Sabem a flores




Não é desforra, é preguiça.
E é ai que eu fecho a boca num suspiro e as palavras saiem na dança.
Daí pairam no sabor de baunilha em que o vento lhes afaga a face. Eu não vejo nada, mas sabe-me a flores e o ritmo da dança faz-me levantar o pézinho.
Sem ritmos, sem dogmas.
E elas dançam nos aromas de baunilha, uma aqui outra alí...
Eu quero que isto acabe, e muito rápido. Estou mortinho para começar tudo de novo.