30 janeiro 2013

Temos Sol

Não sabemos há quantos dias brincamos com as ondas. Não sabemos há quantos dias o mundo real acabou para nós. Os calendários hoje são arqueologia que apenas os arqueólogos conhecem. Nós, nós somos adolescentes. Os vinte anos nunca irão chegar.
Afinal, este é o mundo real. Lá fora o mundo sofre economicamente, as pessoas continuam a morrer, há trabalho a ser feito a cada oito horas. Nós, nós vivemos o Sol. Fazemos saladas com peixe grelhado e comemos com as mãos. Vamos aprender a surfar, um dia. Vamos ter corpos esculturais que nunca tivemos. Perdemos (perdemos?) as roupas e vivemos só de t-shirt e calções de banho; quando não vamos nus para o mar.
Maria Gadu toca para nós, lá do outro lado do oceano onde a cidade maravilhosa nos inspira. E alguns dos nossos envelhecem, dourados pelo sol, uma evolução que ninguém percebe. As sardas, as sardas. Conhecidos por loucos, por dormirmos abrigados pelo Sol todos os inícios de tarde.

15 janeiro 2013

No nosso tempo

A nossa vida era feita dessa energia elitista e calma de quem espera de filosofia dançante pela morte. A nossa vida passava-se dentro dessa música jazz feita nos palcos de Montreal, com Tom Jobim bem lá no fundo a fazer magia. A orquestra era o público, era sempre assim. E nós dançávamos à espera da morte, porque isso preenchia-nos a vida e dançávamos aos pares e individualmente, entre paredes sem luz que nos separavam do mundo actual. A nossa esfera universal era aquilo.