Aprendo a jogar esse jogo de adivinhas tão caracterizante. Do quê, não sei, o termo caracterizante é algo que me parece credível para um texto, mas tranforma esse fim de infância onde antes de acordar com os olhos para o céu, os olhos descem para terra. E a vida é um poema, não sabes qual das 1000 maneiras irás interpretá-la e não saberás responder o que te pedem no exame nacional de português. Não saberás responder às perguntas que fazes a ti nem às que fazes aos outros. Não saberás interpretar este texto.
Resume-se a saber o caminho de casa. Só isso será preciso para tudo ficar bem, que eu saiba o caminho de tua casa. Por ora, brincas no quintal, livre dos adultos que tantas chapadas te deram. Das crianças que tantas vezes e tão generosamente te deram doces que, afinal, já não queriam porque tinham caído no chão. Quero aprender esse jogo que jogas nos campos alegres que me deste a conhecer, quero voltar contigo para casa e quero continuar a ser criança contigo. Olha que a vida não dura diamantes.
Está tudo bem, eu juro. Eu fico aqui sentado no alpendre vendo-te brincar. Mais tarde, voltarei para dentro para fazer o jantar, esperando que escolhas o teu caminho para casa.
Adoro a tua escrita. Há nela, por vezes, uma nostalgia trágica que a torna fascinante.
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