17 maio 2013

É como morrer na praia

Pula. Junta-te a mim nesse precipício onde o caminho é só um. Dá-me as mãos para eu sentir as tuas vertigens durante a queda. E ouve apenas com o coração para não ouvirmos os nossos crânios estalarem ao atingirem o chão. Crac. Engole esse meu veneno já tão entranhado onde me perdi. Nada comigo no nada que somos. E deixa-nos morrer juntos deitados na cama para que se cumpra a tragédia que isto é.

09 maio 2013

Sure, not sure, yes sir

Aprendo a jogar esse jogo de adivinhas tão caracterizante. Do quê, não sei, o termo caracterizante é algo que me parece credível para um texto, mas tranforma esse fim de infância onde antes de acordar com os olhos para o céu, os olhos descem para terra. E a vida é um poema, não sabes qual das 1000 maneiras irás interpretá-la e não saberás responder o que te pedem no exame nacional de português. Não saberás responder às perguntas que fazes a ti nem às que fazes aos outros. Não saberás interpretar este texto.
Resume-se a saber o caminho de casa. Só isso será preciso para tudo ficar bem, que eu saiba o caminho de tua casa. Por ora, brincas no quintal, livre dos adultos que tantas chapadas te deram. Das crianças que tantas vezes e tão generosamente te deram doces que, afinal, já não queriam porque tinham caído no chão. Quero aprender esse jogo que jogas nos campos alegres que me deste a conhecer, quero voltar contigo para casa e quero continuar a ser criança contigo. Olha que a vida não dura diamantes.
Está tudo bem, eu juro. Eu fico aqui sentado no alpendre vendo-te brincar. Mais tarde, voltarei para dentro para fazer o jantar, esperando que escolhas o teu caminho para casa.