07 fevereiro 2011

Jaguares


Era tão bom quando gritávamos aos montes e os pássaros levavam o som por toda a parte, resultando num eco. Viamos cores exóticas, molhadas, araras com cabazes na cabeça representando as musas do Carnaval da Selva.
Papagaios falantes de olhos vermelhos, serpentes de boca preta e panteras cor da noite.
Era isso que queriamos? Talvez fosse.
Transpiravamos entre as folhas gigantes das árvores e dançavamos o culto da chuva para as colheitas. Tomávamos banho em lagoas cristalinas e os tubarões queixavam-se da nossa luxúria.
Encantavamo-nos não por sermos crianças humanas inocentes, mas porque aqueles bicos segurados por ossos ôcos saudavam-nos de penas eriçadas e coloridas para que a nossa energia brilhasse também.
E nós cantávamos, esfregando-nos à terra, lado a lado com os primatas, querendo reintegrar-nos numa família separada desde que a estúpida consciência decidiu cair em nós.

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