As paredes de nossa casa eram cinzentas: a mãe queria-las assim para as paredes confundirem-se com as almas. Gostava de tudo homogénico. E nós, no quarto, pintávamos todos da mesma côr e camuflavamo-nos entre as paredes, as cortinas e os desejos.
Tinhamos o desejo de voar. Voar para dentro da casa, descobrir os escômbros que só os bichos-da-madeira conhecem e poder assumir: " Mãe, conhecemos realmente esta casa". Porque nada nos dava abrigo se não os sonhos de navegarmos dentro de cestos com bandeiras a serem sopradas por lábios-biquinho, de voarmos sobre o parapeito da janela e de nadarmos dentro de uma banheira que nos constipava se o tempo fosse demasiado.
E a mãe, na sala cinzenta, lia romances clássicos e bebia chá dos trópicos enquanto sua alma vaguiava pelas paredes.
Tinhamos o desejo de voar. Voar para dentro da casa, descobrir os escômbros que só os bichos-da-madeira conhecem e poder assumir: " Mãe, conhecemos realmente esta casa". Porque nada nos dava abrigo se não os sonhos de navegarmos dentro de cestos com bandeiras a serem sopradas por lábios-biquinho, de voarmos sobre o parapeito da janela e de nadarmos dentro de uma banheira que nos constipava se o tempo fosse demasiado.
E a mãe, na sala cinzenta, lia romances clássicos e bebia chá dos trópicos enquanto sua alma vaguiava pelas paredes.
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