10 março 2011
Letras agrestes
Lembraste da nossa aldeia?
Onde o trigo amarelo-seco contrastava com o azul do céu e com Apollo, completando o eterno clichê de uma paisagem rural?
Era onde se corria durante horas num deslize marítimo sobre a terra molhada, onde comiamos madeira em pó e sabia-nos tão bem o sabor daquela sabedoria milenar e natural. Onde os grilos só nos acompanhavam à noite, porque sabiamos que tinhamos medo de estar sozinhos e bebiamos ar fresco, que preenchia-nos tanto ao inspirá-lo que não bastava só os pulmões; o estômago é invejoso e também pedia.
Tirávamos água do poço e inventávamos histórias de terror, de uma terra tão santa quanto era o céu estrelado e tridimensional em que perdiamos o equilíbrio e o "eu" quando olhavamos para cima.
Estavamos abstraídos de um mundo que não era nosso que o nevoeiro escondia e que Apollo não quis iluminar porque Hades construia impérios de cimento cinzento e sem côr.
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Não, Hades permanecia no submundo, afinal de contas ele tinha um cão de 3 cabeças para alimentar e almas perdidas para coleccionar.
ResponderEliminarO mundo sempre foi nosso. Fomos nós, nós que construímos impérios de "cimento cinzento e sem côr"...
Ou talvez nos tenhamos nós julgado deuses e tenha Zeus se enfurecido e destruído o nosso pequeno grande império.
Mas tenho a certeza que Apollo não nos deixaria de iluminar. Éramos uma grande força de Afrodite (A Paixão secreta de Apollo).