25 outubro 2012

Earth


Grava meticulosamente todos os livros de nomes soantes para poder lê-los um dia. Procura as palavras desconhecidas, marcadas num papelinho que carrega todos os dias, que encontra nos Dilúvios literários para mais tarde poder saber-lhes o significado e o valor. Solta-se, durante horas no youtube, numa corrida aleatória entre desconhecidos clássicos cantados pelos reis dos plexos solares para poder saber o que se vivia antes do mundo existir. Para ele, o mundo começou no exacto momento em que a sua cabeça saiu da barriga da mãe, puxada por um médico qualquer. Ele é um devorador. Aquele menino quer ser o Mundo.
Se formos a ver, um artista precisa de pobreza. O gene da criação nasce no caos, seria impossível criar o que quer que seja em algo já criado. São precisos os penduricalhos soltos na parede, comprados no chinês, prestes a cair em cima dos pelos de cão que se eternizam no tapete velho da avó. É preciso apanhar o gosto de deixar o cão lamber-nos os lábios, dando-nos beijos que, acreditem, eles ficam bem contentes por dar. É preciso um desprezo nobre, não propositado e desprovido de encenações, ao funcionamento do governo dos países. Para o artista não existem países, existe o Mundo.