20 março 2013

Caminha, Narciso



Deixem-no ir.
O menino do sofá da Disney. Deixei-no ser gorila e viver a fantasia de ser o sonho dele. Deixem-no ficar preso naquele nada e destruir-se, não há melhor prazer que saborear a destruição que nós próprios escolhemos para nós. Vejam-no embebedar-se nessa beleza desmedida, no presente sem futuro que ele escolhe, na vaidade evoluída ao extremo. Permitam-no ser ninguém enquanto aparenta ser tudo. E nem precisam de se fingir seduzidos pelo perfume de sexo que ele move no ar nem admirar-lhe enquanto passa na rua. Podem desprezá-lo. Quando ele tornar o sonho verdade, fantasiará  apenas consigo enquanto se masturba na cama iluminada pela manhã de Junho.
Deixem-no ir.

07 março 2013

Reino Ínfame

Portugal, tudo isto é retrato.
Hoje percebe-se o menosprezo ao verde, que a esperança do povo nunca foi muita. Ganha sempre o vermelho, que lembra o sangue que muitos já não deitam. Que já ninguém vê mas, porquê ninguém se pergunta, todos o lembram. Para progresso é preciso esforço e para isso temos a do Brasil, façam eles. Ou os outros, tanto faz. A morte ainda lhes organiza e agenda a vida. No meio, o dinheiro amarelo que os motiva para tudo. O centro de tudo, a única sede de ter.
E o passado, os escudos que protegem os castelos que, com tão pouco verde, serão ruínas.