17 outubro 2010

Gominhos cortados


E o cheiro, mãe?
Da panela consensada de especiarias do Japão, do Brasil e do coração
que tu punhas naquele remoinho quente em que mexias com a colher de pau com que nunca me bateste.
Eu portava-me bem à mesa, sentado atrás de ti, nas cadeiras velhas de madeira, sentindo que tu sentias o amor que punhas em todos os preparados. O cheiro impregnava-nos a cozinha toda, eu sentia-me tão quente e feliz. E se tivesse de ir ao quarto-de-banho, o cheiro ia comigo.
O banho já tomado à noite fazia sempre sentido quando me punhas o prato à frente, as labaredas de fumo aquecendo-me a cara.
E o fantástico era a possibilidade de eu poder comer esse amor que resultava sempre num prato que me dava prazer em comer.
Já não me lembro se era mais aconchegante ver-te preparares-me aquele amor no prato, se saboriar o amor que me davas todos os dias.

4 comentários:

  1. Eu tenho uma teoria : todas as mães sabem cozinhar aquelas coisinhas que todos nós amamos

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  2. é mentira grust. a avó e a mãe de uma amiga minha nao sabem. e minha propria amiga tbm nao. so cozinham na bimbi. eu acho isto espantoso o:

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  3. É as tecnologias...
    Eu cá prefiro nas panelinhas de barro, como se faz nas aldeias... Fica tão bom *-*

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  4. A minha avó faz as vezes assim na fogueira. Mas não são panelas de barro. Panelas de ferro que parecem caldeirões de bruxas. Se bem que a minha avó tinha uma galinha preta...será que(?)... x)

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