16 fevereiro 2011

Títulos


Sempre me disseste que eu era uma super estrela. Divertiamo-nos nos campos, com cães Sawtelle olhando-nos nos olhos. Contentavas-me os mimos com galões bem quentes, bolachas de manteiga e músicas que embalavam o ar. Fazias-me conhecer a tua mão sobre a minha nuca todas a noites, antes de adormecer.
Mas nunca construímos uma intimidade intelectual.
Nunca fui capaz de dizer-te quais os meus filósofos preferidos ou as histórias que os livros me contam, nunca te revelei aquilo que penso aquando das minhas reflexões nocturnas ou quando reflicto sobre várias vidas, no banho. Nunca te mostrei as amadoras teorias de um advogado criança onde as espadas já só são de papel.
Nunca te cheirei a lenha queimada porque nunca fizémos luz com diálogos eternos de uma tarde.

4 comentários:

  1. neste revi-me muito. têm-me faltado as uniões intelectuais no coração, é pena. Gosto demasiado delas para ficar por muito tempo sem as procurar. é.

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  2. «Nunca te cheirei a lenha queimada porque nunca fizemos luz com diálogos eternos de uma tarde.» fascina(s)-me.

    P.s. - A telepatia sempre foi o nosso forte. Tão forte!

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