25 julho 2011

Ad Lib


Com as unhas rasga-se a pele, perfuram-se os ossos e a força dos punhos abre o tórax. Viaja-se pelas veias, consome-se o ar dos pulmões e as minhas entranhas são tuas. O coração grita e canta-se-me sorrisos que se explodem, projetados até à pele. Rango os dentes e rujo aquecido pela minha juba de leão e, do alto do monte, vejo a tua miragem e espero saber calcular de onde vem essa projecção. Quando te vir, abro a minha cauda de pavão e rujo-te para mostrar quem é que manda na Selva. E espero que numa tomada de mansidão, te deites de costas para o acasalamento assinalar as matilhas e as manadas e os cardumes nossos, que correm diante do nosso peito.
Para que eles saibam que nós vivemos, e para nós sabermos por que rugimos.

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