Non è la pigrizia, è il dolce fare niente.
28 agosto 2011
19 agosto 2011
Homo Faber
A fábrica dos sonhos era incrível. A fachada do prédio apresentava-se com sereias gordas e duendes tesos. Das janelas jorravam sonhos mergulhados em tequilla e o chão espelhava o céu, porque dizia Hermes que "o que está no alto é como o que está em baixo". Governanta era a cobra de pestanas feitas de penas de pavão que faziam inveja aos mochos vivos pendurados nos brincos das aias de corpos nus e banhados em ouro.
Brincávamos com macacos que guiavam flamingos, sob vigília dos hologramas de mente grega em exposição para os olhos poderosos de Asmodeu. Completávamos puzzles com escamas de atum perto das flores com pós brancos que nos faziam sentir como príncipes constipados durante as noites das luzes que não simpatizam com a epilepsia. Graças aos tornozelos de Mercúrio nenhum de nós caiu no poço de mentes fechadas.
Vendemos os corpos, o desejo e o sémen: assim chegámos ao infame prodígio. Eh, estátuas em exposição sem espectadores materiais. Espelhos precisam-se, espelhos precisam-se. Tranquem as portas, os preliminares vão agora dar uma longa introdução à orgia que se segue. Prometemos segredo, se prometerem luxúria.
Mamon e Halphas
13 agosto 2011
Nearly
Salta mais, de campo a campo e não te esqueças que os girassóis te seguem. Sopra o algodão, para lembrares Savonarola que o tempo passa com a nudez do conhecimento. Faz culto a ti próprio, a Terra iluminar-se-á.
Foi o que fizeste, não foi?
Gastaste o perfume e esfregaste-te nos lençóis, respirando com a almofada apertada à boca. Vestiste a roupa que largaste na sala, acendeste duas velas e aqueceste chocolate para mim, despediste-te do meu gato novo e levaste os meus boxers para eternizares a fragrância pura como lembrança.
Tudo enquanto eu estava na casa de banho. Deixaste o rasto de grãos de areia e as velas não apagaram o teu cheiro a praia.
E roubaste-me os boxers.
E roubaste-me os boxers.
Sentem-se e desfrutem do espetáculo interminável.
É orgásmico ver-te enlouquecer.
Sente-se uma satisfação tão diabólica ao ver o animal que outrora nos prendia na jaula, e corria toda a selva sem qualquer respeito por nós, agora sem qualquer conforto no mundo.
De tanto usares o cadeado, fechaste-te lá dentro sem perceber como. E esqueceste-te de que só tu sabias da chave para abrires a jaula.
A chave foi-se. E agora?
11 agosto 2011
Já no fim,
08 agosto 2011
Trimegisto
Como é que consegues ser herói de velha banda desenhada? Imortalizares-te na rede de praia e encarar a canja e a maçã como a vitória do dia. Abdicando da tua vida de televisão e dando aos que te prosseguem? É lindo, sabes. É lindo toda a tua e a vossa simplicidade. Tirando o belo, que se torna desconfortável porque já só esperas pelo adormecer do Sol e o roncar já é uma constante. E a vida treinou-te tão bem a esconder a sabedoria por entre as rugas, mas fazendo-te esquecer o nome dos próximos.
É o regresso à inocência - mostras-me tu, que os erros são só brincadeiras de quintal e que errar é acertar. É o regresso à, embora diferente, pureza, pois há direito em morrer como se nasce.
É lindo saber envelhecer.
04 agosto 2011
Noveau Addiction
02 agosto 2011
Quadros futuros em exposição
A entrada cumprimenta-me pela 2ª vez numa tarde de Primavera sonhada numa noite de Verão. Recheada de um pátio coberto de granito branco onde plantas secas se perdem diante da casa abandonada. Entro porque estavam todos os meninos lá, e divirto-me com o menino loiro, cabelo à tigela, fardado, do meu colégio, nos lavatórios sujos e abandonados onde a terra descansa. A vida é muita e os meninos saiem dos urinóis e desistem das brincadeiras com a água para irem brincar ao Sol. Eu encosto-me à parede atrás de mim, continuando a brincar com a torneira dos lavatórios, onde reina o castanho da terra na água que lá sai. Os pés, Satan. Cheira-me a pés sujos e oiço cortarem unhas. O monstro respira e solta dois curtos gemidos de dor ao mecher nos pés atrás de mim, do outro lado da parede. Não o vejo, estou de costas. Mas sei como é alto e gordo, e sei exactamente como está sentado no chão daquele quarto escuro apenas com palha e sem qualquer luz, tirando o pouco contraste com que a cara gorda fica através da luz que assalta a divisão através da telha que caiu há anos que já ninguém se lembra. E está virado para mim. Ele respira. A água corre, a torneira chia. Juro que se me concentrar, vejo-o, com a mente, atrás de mim, por trás da parede. Olho em despedida para os urinóis abandonados e corro. Corro e passo pelas plantas dos granitos e descubro já no portão inexistente que já todos foram embora. Estou sozinho. Mas tenho de fugir, hei de saber o caminho. Olho para a casa com a porta aberta, intacta, vazia, imóvel. Se visualizar, consigo vê-lo sentado lá dentro na divisão fechada, à direita da porta verde escura da casa.
Não fechei a torneira.
A água corre mais rápido que a vida. Ele está lá dentro. Hesito, hesito e mais uma vez. Corro assim que dou o primeiro passo de volta à casa. Chego, vejo a torneira a vomitar a água para o lavatório verde coberto de terra. Concentro-me e juro que o sinto do outro lado da parede atrás de mim. Mas já de pé, com faca em punho. Ele não me vê, mas sabe que estou ali, pequeno, e olha-me porque me vê na sua concentração. Espera por algo para aparecer da porta verde escura encostada atrás de mim que divide os nossos dois mundos de brincadeira e chacina. Fecho a torneira e, como posso, tento puxar a porta da casa para que se feche, enquanto corro para fora. Atravesso de novo o pátio velho de mármore. Olho para trás e ele não veio atrás de mim. Chego ao portão inexistente, olho de novo para a casa e está intacta. A porta não chegou a fechar.
A torneira está fechada.
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