19 agosto 2011

Homo Faber



A fábrica dos sonhos era incrível. A fachada do prédio apresentava-se com sereias gordas e duendes tesos. Das janelas jorravam sonhos mergulhados em tequilla e o chão espelhava o céu, porque dizia Hermes que "o que está no alto é como o que está em baixo". Governanta era a cobra de pestanas feitas de penas de pavão que faziam inveja aos mochos vivos pendurados nos brincos das aias de corpos nus e banhados em ouro.
Brincávamos com macacos que guiavam flamingos, sob vigília dos hologramas de mente grega em exposição para os olhos poderosos de Asmodeu. Completávamos puzzles com escamas de atum perto das flores com pós brancos que nos faziam sentir como príncipes constipados durante as noites das luzes que não simpatizam com a epilepsia. Graças aos tornozelos de Mercúrio nenhum de nós caiu no poço de mentes fechadas.
Vendemos os corpos, o desejo e o sémen: assim chegámos ao infame prodígio. Eh, estátuas em exposição sem espectadores materiais. Espelhos precisam-se, espelhos precisam-se. Tranquem as portas, os preliminares vão agora dar uma longa introdução à orgia que se segue. Prometemos segredo, se prometerem luxúria.

Mamon e Halphas

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