27 setembro 2011

Yes, Chef

Como é que és tão dono de mim e sabes-me tão pouco?
Não te lembra que fui tirado da minha mãe para ficar contigo, por capricho teu. Eu não tenho o mesmo sprint vital que tu, a minha vida não chega a metade da tua. E olho-te, cheiro-te e ladro-te sempre da mesma maneira, quer me trates bem ou me dês um pontapé no lombo. Pensas que eu me esqueço, mas às vezes traumatiza. Poderia triturar-te os ossos da mão ou do pé, mas escolho não fazê-lo.
Eu não apanho a maioria dos bitaites que mandas, acho engraçado como gastas o tempo todo a falar e às vezes pareces um bocadinho otário. Rio-me de esguelha. Mas podes falar comigo, eu sei que a atenção é para mim e entendo que é a tua voz, e tu também não me entendes quando mando vir contigo, por isso tudo bem.
Nem quero que me chames nomes quando for preguiçoso, teimoso ou não cooperar contigo. É isto do meu coração, este bicho maldito está a tomar conta dele e vou ficando velho, sabes? Talvez haja algo de errado dentro de mim. Vais cuidar de mim quando ficar velho? Pensa nisso, porque eu sei que iria se durasse mais que tu. E vê se não te armas em conas quando estiver num hospital ou atropelado por um carro, não me venhas com o "Não consigo ver isto" ou "É mais fácil se não vir nada", porque é-me tudo mais fácil quando estás comigo. Mesmo quando eu grito e tu não percebes.
Não adivinho o que te apetece. Muito menos penso em coisas literárias e filosóficas como tu, para te entender quando te enervas e me trancas de castigo. Que grande porra, tu tens trabalho, amigos, família, conhecidos e até alguns fãs que desconheces.
Eu só te tenho a ti.

3 comentários: