Hoje entrei no elevador e cheirou a terra.
À terra que percorríamos quando eramos pequenos nómadas por cidades vizinhas, e curvavamo-nos à Lua carregando sacos maiores que nós às costas ainda crianças. Tínhamos medo dos elevadores e os vizinhos adolescentes ainda nos intimidavam mais que hoje. A simpatia ainda reinava todas as noites e a solidariedade também, que a ignorância disfarçada de inocência o permitia. Cheirava-nos a casa de gente rica e de paz, um cheiro doce mas dos que lembra Paris no Verão ou a baixa lisboeta no Inverno, sonhávamos com uma igual porque a nossa não cabia para tal tribo e os carros não se comparavam à nossa carrinha. Comíamos tarde, já depois de trabalharmos, já com as costas doridas, já com os dedos esmagados.
Se quando velho me esquecer, não interessa.
As marcas continuam aqui na coluna.
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