Os outros são viajantes. Viajam na imaginação proporcionada pelo livro que lêem no comboio que viaja cidades de um mundo que viaja todos os anos o mesmo caminho. São ligeiros, os mundos que viajam entre nós, que se cruzam em todas as ruas construídas por corpos que só serviram de transporte para a vida. Nota que eu estou aqui, contigo, porque tu estás a ler este texto que é meu. Tu tens na cabeça palavras e panoramas que eu estou a fazer-te imaginar. E, mesmo assim, pertencemos a mundos diferentes. Histórias paralelas com sonhos incomparáveis e tesouros ultra-dimensionais dentro de nós. E, no entanto, se fores de Lisboa, já passaste por mim, já me pisaste o pé sem querer, já te pedi com licença quando estavas parado/a numa escada rolante de qualquer centro comercial, talvez.
Estamos juntos pelo espaço. É isso. O espaço, esta massa corporal, física e tocável é a única coisa que nos une. Porque nem os sonhos. Podemos ter os mesmos, mas só juntaremos forças para a concretização dos mesmos através dessa matéria tangível. Porque somos de mundos diferentes, uns dos outros. Cada um de nós viu voltas diferentes que a vida dá.
No fim, quem for bom em álgebra, estará vivo de tanto saber que somos já sete biliões de sonhos diferentes. De projectos que podem tornar-se realidade, de universos que podem tornar-se verdade. Eu sempre te disse que éramos super-homens, hã?