27 abril 2013

Domus


É essa porçao de terra que se pinta nas paredes do nosso quarto. Os vales com que sonhamos ao olhar para o teto. As esfinges de algo que não conhecemos. E  a certeza, a certeza de qualquer coisa que não sabemos. Oh!, má fortuna que o tempo não nos tenha o mesmo passo. Quem nos dera saber o quê naquela altura. 
Faltam as conchas e o abraço, sentados à beira-rio, olhando o que é nosso. É essa certeza que se sabe hoje, de que juntos, tudo é nosso. Que o que pisamos, o que respiramos e ouvimos das gaivotas, foi designado a ser nosso. Precisamente por sentirmos que não vai anoitecer. E mesmo que anoiteça, festejaremos a noite inteira em lençóis brancos de paredes desconhecidas.
É a verdade. O tempo, que pára sem darmos por isso. As memórias que se tornam escrituras. Esse respirar aconchegante de não se saber o que vem depois, sabendo que o depois está lá, à nossa espera. E que é nosso.

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