23 agosto 2010

Cartas ao coração II


Pai, de manhãzinha entrou-me uma nuvem pelo quarto.
E o seu toque esponjoso acordou-me a menta do corpo e as minhas pestanas divorciaram-se.
O teto do quarto estava mais azul e os relevos das ervas aromáticas que lá plantei já se exibiam luxuosamente aos meus olhos.
Dancei entre as cortinas que se entoalharam sobre mim; mas só até o Sol flirtar comigo e eu icendiar o coração. Com os meus fósforos de escoteiro.
Assisti a um eclipse. O coração com a coroa flamejante foi ter com as estrelas da manhã de Verão e os aviões desenharam obras abstractas no céu turquoise.
Mas eu não consegui sorrir, pai. A magnólias disseram-me para não sorrir, podia encadear as frutas que crescem nos jardins dos deuses..
Mas não faz mal; Eu guardo o sorriso para a noite a fim de guiar a Lua comigo, está bem?

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