17 agosto 2010
E Merda está no dicionário.
Se a escrita não existisse para mim;
iria esmurrar muralhas da China, não me ia cessar do prazer de destruir incansávelmente um glassiar do tamanho deste mundo ou do outro até sangrar das mãos para saber que posso continuar.
Ia queimar cabelos com um sopro e fatiar a lâminas bem fininhas os déspotas pérfidos que afinal são de alabastro.
Eu ia chegar aos limites que os limites não conheçem de si.
Ia explodir explosões e queimar o fogo com as suas próprias chamas.
Iria gemer ao comer os sushis e os origamis humanos feitos por mim de olhos bem abertos: há que vêr os bons espetáculos satânicos de uma vida.
As flores com que se enterram os familiares iriam ficar podres e cheirar a jarro-titã.
Ninguem ia mecher-se. Mover-se.
A raiva ia expandir-se e acordar-me o êxtase ao âmago.
Como eu queria que a escrita não existisse.
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As palavras são o que nos liberta e nos trava. Doseiam-nos e isso tira-nos toda a espontaneidade.
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