29 dezembro 2010
Ampulheta
O equilíbrio é fundamental para a sobrevivência.
É o que sustenta o pico da alma, sendo a base para o nosso corpo e o alicerce da nossa razão. E, sobretudo, é a origem do cepticismo.
O extremo é concretamente descartável: uma vez consumindo o extremo, não reparamos que este processo implica uma relação imbiótica, consumindo-nos também e tornando-nos dependentes, ambiciosos e entregues a tal excesso. São-nos consumidas então as energias e desmaia-nos o espírito.
O intermédio é, por sua vez, trivial. Visto milhares de vezes, em milhares de angulos, por milhares de sentidos, torna-se um quotidiano no qual não desejamos viver mais. Morremos dentro de nós, sucumbindo orações para a evolução.
Não é, então, de um meio-termo que falo.
É de equilibrio: um conceito muito mais profundo e objectivo que uma balança regulada. Um conceito que funciona como um polvo, estando a essência, mãe e cordenadora de tudo, na cabeça do polvo; e, por seguinte, os oito tentáculos do mesmo tamanho, onde residem todas as vertentes, onde reside o equilíbrio, sempre dependente da cabeça do sistema.
Assim, o equilíbrio é só atingido quando descoberta a sua acompanhante, a essência. Estes oito tentáculos devem também ser activos, usando as suas ventosas a fim de alimentarem-se do exterior mundano: o exterior é um dos caminhos para alimentar-se o íntimo. E é também só com as ventosas buscando ar de que se precisa, que se filtra tudo o que nos rodeia.
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