18 novembro 2011

Se percebêssemos, o salão estaria vazio.


Se conseguíssemos perceber, naquele salão de festas e de músicas rodadas por trompetes e pianos, seriamos infelizes. Não dançaríamos tão bem a valsa que fomos obrigados a aprender, não apreciaríamos a merda que os músicos tocam para sermos o par para onde as atenções estão centradas.
 Deixemos apenas que eu te guie e tu me sigas os passos com a postura completamente perfeita e o pescoço esticado. Que o músico mais tímido da orquestra do salão da condessa nos faça sonhar e acreditar que somos príncipes e que ali pertencemos. Que não vejam a tua cintura secretamente descansada na minha, porque a meio já não dançamos para mostrar que somos reais competentes, mas porque a música tornou-se nossa e toda a realeza parou para nos ver dançar.
 Talvez um beijo calhe bem no fim, quando as palmas contagiarem a sala, as nossas vénias forem feitas e recolhermo-nos para a nossa mesa, como se a sala nunca tivesse sido completamente nossa. 

2 comentários:

  1. É o meu novo grande amor, aquela máquina :)

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  2. Há uma sala em Lisboa, aparentemente abandonada, amadora, suja, com entrada livre que parece ter também -ou ter tido- a grandiosidade que tentas dar no texto e imagem que partilhas. Fica na Casa do Alentejo, perto do Coliseu dos Recreios. Se estiveres por perto tenta passar por lá. Não será ao estilo de Viena mas acho não ser tempo perdido :)

    Abraço

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