11 novembro 2011

Those, forgotten



A casa abandonada é nossa, não porque fazemos questão de privar os demais de cá entrar, mas porque as pessoas não querem definitivamente cá entrar - fazem-nos um favor automático de tornarem-nos a casa exclusiva.
 Está escuro e nunca consigo ver o número e o tamanho das divisões e da mobília, só os gemidos e os suspiros que os Silenciosos escondem em orações. Há toda a possibilidade de acendermos um candeeiro esquecido, mas para quê terminar com a imensidão impressa que o negro é? Deitamo-nos na cama de flanela quente e imaginamos que não somos sequer matéria, porque se não tocarmos, não existe; e as histórias que a mente nos conta porque tudo é possível no vazio do conforto escuro. E levitamos porque não há chão e podemos ser outros porque não nos vemos. Sentimo-nos; num espaço ilimitado e milhões de vezes multiplicado pelo escuro. E os pirilampos que nós inventamos voam-nos sobre a mente e cabeças, e somos pretos com luzes laranjas no meio do nada que nos é tudo.
 Não acendas as luzes, não limites o infinito.

2 comentários:

  1. é um prazer ler-te...já o disse, mas nunca é demais repetir.

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  2. Um texto que serve de metáfora para tantas outras coisas...
    Um dia quero escrever assim. Um dia quero ser inteligente, assim!

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