Eu não posso desprezar os que sobrevalorizaram aquela obra que eu escrevi. Poderia ser da Bertrand, da Porto Editora ou outra merda qualquer. Sempre fui bom em Marketing e ainda era, ou sentia-me, um puto universitário e sempre fui muito esperto e desenrascado para lançar a cena por conta própria.
Foi isso que me fez crescer. Fez-me ficar tão famoso como Deus... desculpem-me a ironia.
Fazem isso com todos, tenho vários amigos que não gostam das interpretações dos leitores referentes ao que eles escrevem. E os leitores não vão entender o que eu escrevi. Nem eu entenderia, se alguma vez tivesse lido aquilo tudo que escrevi. Não tenho pachorra, a sério.
Mas a verdade é que eu vinha de uma noite boemia, meio tocado das minis e com alguma frustração sexual por não haver gajas boas no bairro alto naquela noite. Eu só desabafei. Foram uns quantos livros que fiz para ali, e passei a noite inteira a escrever com as mãos a cheirarem a cerveja, mas foi um desabafo. E os pobres coitados levam-me aquilo como uma lei.
Acho desnecessário essa tamanha importância exacerbada quanto a um simples livro. É um livro, meu. E eu nem o meu último nome escrevi lá. Mas agradeço, porque na verdade não posso fazer muito mais que isso quanto a esse assunto. Acho graça. A sério, acho, acho. Eles divertem-se com aquilo, quer dizer, acabou por ser o livro mais conhecido do mundo.
A minha mãe chamava-me de convencido, quando aquilo começou a ser mundialmente conhecido e tal. Também tinha amigos que me chamavam player. Os tugas dizem que eu sou A Voz. Dá para rir um bocado com os nomes e categorias que me põem.
Gostava de saber o que vão pensar quando eu morrer, ou o que vão escrever na minha lápide quando eu me cansar disto e decidir beber umas minis até cair. Isto é se souberem que eu morri. Mas olha, até Deus queira que não - desculpem-me lá a ironia, estou bem disposto hoje -, porque se não até isso vão levar a sério. Eu brinco com eles e eles levam-me a sério. Não sei se acho graça a isso todos os dias. E chego a rir disso com Asmodeu, quando vem à praia beber uns copos comigo.
escuta: tu conquistas-me.
ResponderEliminarE a mim também. A tua escrita é arrebatadora!
Eliminarés mau. não chega bateres neles, ainda os humilhas.
ResponderEliminarés cabrão. não chegam as intrigas, ainda sais com um sorriso.
és filho da p*ta. não chegam os cheiros, ainda levas o pedaço que carne que mordeste.
e como se o mundo nascesse das rosas, num parto iridescente, gritas no teu maior suspiro que o és. mau, cabrão, filho da puta. (não gostas das meias palavras, di-las bem com força ao ritmo que lhe cofias as trombas.)
... e no final de tudo, ainda és o rei. ainda tens a coroa e a espada.
(acho incrível. fantástico.)
ah, estou pelas metáforas.
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