10 junho 2013

Três pra trás

Vamos para trás-os-montes, amor. Vamos para o mato tentar descobrir onde o mundo começa. Vem procurar água fresca, recém-nascida, para sentires de novo que somos vivos. Mergulha! Isso, mergulha, e sê feliz comigo que eu não quero mais lembrar-me do maior erro que todos nós somos. Liga as luzes do carro quando se fizer noite, assim temos vigia. Vamos viajar, amor. Lembremos aos nossos olhos que o mundo não é só o que vemos. Fiquemos a secar deitados no manto de relva fresca, grande, selvagem que nunca foi cortada. Com bichos, os bichos e tudo. Fumemos erva pura e comamos saladas com massa. Já sei!! Vamos à pesca, amor! Vamos pescar baleias e dançar com elas nos seus jardins de algas que nós não conhecemos. Vamos ao mar.


06 junho 2013

Vrum

Vamos para a noite. Cavaleiro de mota, prostrado em frente a minha casa. O motor do cavalo branco ronca nos meus ouvidos e desperta os vizinhos que vêm da janela. E seguimo-nos pelas mãos largas, desenhadas, posicionadas no ponto do desejo.
Andemos, que hoje somos cavaleiros. Irêmos por esse casaco grosso que nos enchumaça os ombros, pelo já quase esquecido sapato de vela e por toda essa coisa bem composta. Enfrentemos o vento, simulando-se ar puro. Sejamos da estrada desconhecida e forcemos o motor até avistarmos mar. E se não quisermos voltar, que seja então profecia.