Nas festas da garupa vai-se sempre aos grupos. De garrafas escondidas na mala das meninas de saltos altos comprados ontem. As camisas por cima das t-shirts mostram que os putos não são assim tão irresponsáveis, mas os chás nas mãos engelhadas da água da praia compensam o vento nocturno da varanda onde a música toca também para os vizinhos. Sofás tornados em camas chiam, queixume do peso, o candeeiro balança no tecto, tonto do fumo dos cigarros e a coitada da sanita engole o vómito dos outros.
Tapada pelos nómadas e mercantes que desfilam pela casa, a estante lá ao fundo da sala sorri-me com a fartura de livros antigos e de cores mortas. E o chá na minha mão pede-lhe reconciliação, preso na mesa da cozinha, onde me sento com a perna cruzada. Despeço-me da camisa e avanço até à estante, que ocupa toda a parede: e fiquei-me por ali durante toda a vida, com a minha menina daquela noite.
O mesmo digo-te a ti, muito sinceramente :o
ResponderEliminarE agradeço-te por teres perdido tempo com um dos meus tempos.
Bonita forma de descrever, sedutora e sensível.
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