10 outubro 2011

São as que dizem que por acaso não sonham

Não gosto de dividir sonhos, de sonhar no colectivo, de partilhar o ideal. Orgias em fábulas, nem pensar. Mais confessionário de igreja, onde o padre não está do outro lado porque bebe o vinho que as velhas pagam para a restauração dos santos e da basílica. É navegador de botes acompanhado pela rede de pesca e segredado pelo vento, dirigido pelas ondas e acenado pelas tartarugas da idade velha.
Não gosto quando me perguntas de manhã, na tua cama de solteiro, o que vamos fazer ou o que vamos viver nesta vida toda. Tenho de o sonhar sozinho para poder ser real: e se tu, a meio do sonho, acordas? Reajusto tudo sozinho? Altero os alelos das minhas entranhas? Arrasto-as até não poder mais? Não pode, ai não, não pode. Não me perguntes que não te conto. Tem de ser o que eu sonho, e tu podes estragar tudo se não tiveres bom sono.

 Sei lá, podes ser do tipo de pessoas que não se lembra o que sonha durante a noite.

6 comentários:

  1. este post revela grande inteligência, assim como uma enorme objectividade

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  2. Ah pois disse xD percebe de geografia a pacotes xD

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  3. Gosto muito da tua escrita. Sigo o blogue :)

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  4. Sonho de verdade não pode ser compartilhado. Muito bom mesmo esse teu texto!
    E sobre teu comment a respeito da "dupla seis" (hehehe!): já os viste em "ação"????
    Hugz, man!

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  5. Wow, que belas palavras! Eu por acaso também gosto de sonhar sozinho, longe dos ideais de outrem. No entanto, para realizar sabe sempre tão bem dar a mão ao outro alguém.

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  6. Gostei do que escreveste mas sou exactamente o oposto. Necessito de partilhar os meus sonhos, algo quase sufocante no meu peito. Até porque são (precisamente os que tenho a dormir) a coisa mais incrivel que acontece na minha vida. Quantos aos acordados esses sim... Divido apenas com quem merece ver mais do que a ponta do iceberg. Ficas aqui com um: http://raquelzinhafernandes.blogspot.com/2010/05/cidade-do-meu-sonho.html

    Beijinho

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